sábado, 8 de fevereiro de 2014

Condenado a 15 anos por falar de Jesus

Cidadão americano preso há mais de um ano na Coreia do Norte faz apelo para ser libertado

Existem países em que falar de Jesus é uma infração tão grave que pode até mesmo levar à pena de morte. Outros em que ter uma religião diferente da imposta pelo Estado é crime e dá cadeia. E o governo fecha os olhos para rebeldes fanáticos assassinarem cristãos porque eles acreditam em um Deus diferente do deles. Matar ou prender por divergência de crença é tão bárbaro que fica até difícil acreditar que isso realmente aconteça nos dias de hoje.
Mas acontece e, o pior, a todo instante. Se engana quem pensa que perseguir cristãos é exclusividade de países islâmicos. Torturar, prender e até matar também são especialidades de regimes comunistas, que reúnem casos de dar inveja ao Irã ou à Arábia Saudita.
Atualmente, o caso do missionário sul-coreano naturalizado americano Kenneth Bae, preso há mais de um ano na Coreia do Norte enquanto liderava um grupo de turistas, jogou luz nesta grave violação dos direitos humanos. Ele foi condenado a 15 anos de trabalhos forçados por cometer crimes contra o Estado, o mais sério é o de tentar converter norte-coreanos ao cristianismo. Por causa da pena, ele fez um apelo ao governo dos Estados Unidos para que o ajude a ser libertado.
Vestindo os uniformes da prisão em que aguardava a sentença, Bae apareceu em um vídeo gravado na sala de um hospital em Pyongyang, a capital da Coreia do Norte, no qual defende o regime comunista: “Gostaria de fazer um apelo ao governo americano, à imprensa e à minha família para que parem de piorar minha situação e não criem rumores falsos contra a Coreia do Norte”, uma declaração provavelmente orquestrada pelo governo norte-coreano.
Ele ainda afirmou não ter sofrido nenhuma punição injusta ou qualquer violação dos direitos humanos. O governo de Barack Obama vem criticando a severidade da pena e questionando as leis do país comunista. Joe Biden, vice-presidente dos Estados Unidos, declarou que o missionário não cometeu nenhum crime.
Histórico de perseguição
De acordo com a ONG World Watch List (WWL), que desde 1970 monitora como vivem os cristãos em países com intolerância religiosa, apontou que a Coreia do Norte ocupa há 12 anos consecutivos o posto de país em que os cristãos são mais perseguidos. Esse monitoramento é feito de acordo com o relato dos cidadãos cristãos de cada país. Um dos motivos para a perseguição ser tão intensa, segundo a ONG, é a adoração extrema ao líder supremo, Kim Jong-un, que todos os cidadãos devem demonstrar, como se o líder político substituísse até mesmo a figura de Deus.
“Por isso, os cristãos de lá enfrentam pressão ao expressarem sua fé”. Reúnem-se em segredo, até mesmo escondidos de familiares, que podem denunciá-los ao Estado. Se descobertos, correm o risco de serem enviados a campos de trabalho forçado, com moldes bastante parecidos aos dos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Para que confessem o crime de “acreditar em Jesus” são torturados e até mesmo executados, inclusive em praça pública.
No final do ano passado, um vídeo bastante parecido com o de Bae também foi divulgado: o do americano e veterano da Guerra da Coreia (1950-1953) Merrill Newman, de 85 anos, que também foi preso em Pyongyang durante uma viagem de turismo que fazia pelo país. Ele ficou preso durante um mês porque teria tentado contato com soldados coreanos que conheceu na época do conflito, há 60 anos. Ele ganhou a liberdade depois de pedir perdão ao governo norte-coreano. Quando chegou aos Estados Unidos, ele contou ter sido forçado a gravar o depoimento.

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