Saiba o que fez Flávio da Silva se tornar um traficante respeitado e como ele saiu da criminalidade
Vários são os motivos que podem levar um jovem ao mundo das drogas. No caso do mineiro Flávio da Silva Oliveira, de 27 anos, foi ter sofrido a rejeição do pai, somado a pouca atenção que a mãe podia dar a ele e para os outros nove filhos. E, por mais que a mãe fizesse de tudo para suprir as necessidades deles, não era o bastante, como Flávio explica: “Às vezes, faltava até o alimento na mesa”.
Além disso, conviver com amigos que tinham roupas, brinquedos e presentes fez com que Flávio, na época com apenas 9 anos, se tornasse revoltado e buscasse refúgio nas drogas.
De revendedor de drogas nas esquinas, função conhecida popularmente como “aviãozinho”, Flávio foi “promovido” a traficante. Cada vez mais envolvido na criminalidade, viu a morte de perto várias vezes e, aos 14 anos, foi preso pela primeira vez, por porte ilegal de arma.
Ao sair da prisão, assumiu o controle do tráfico no Morro das Pedras, região de Belo Horizonte. Apesar do “poder” adquirido, neste momento ouviu da própria mãe que ela não acreditava mais na mudança dele. Isso fez com que Flávio começasse a refletir sobre a vida errada que estava levando e também pesou o fato de ter visto cinco amigos de infância serem assassinados em uma chacina. “Nesse instante, mesmo com toda a minha ‘moral’ de traficante, me pus a chorar”, recorda.
Flávio conta que a suspeita do crime recaiu sobre ele, já que comandava todos eles. Isso porque, sem que ele soubesse, outros indivíduos da sua própria facção armaram todo o esquema para prejudicá-lo.
Como se não bastassem os conflitos no que ele chamava de serviço, a vida sentimental também não ia nada bem. Com a namorada, hoje esposa, o convívio era conturbado, as agressões físicas eram constantes e ele chegou a torturá-la com um ferro de passar-roupa, na tentativa de rachar o crânio dela. Cicatrizes que ela carrega até hoje.
Por uma vida real
Cansado do sofrimento, Flávio decidiu mudar. Com o apoio da mãe, que havia dito anteriormente que já havia desistido dele, passou a agir de forma diferente. Ela orava constantemente por ele na Universal, local que mais tarde Flávio decidiu conhecer. Ao participar dos encontros e ouvir as mensagens de fé, ele tomou a decisão de se afastar de tudo o que o prejudicava e mudou completamente sua história. “Começar a construir uma nova vida, com absolutamente nada em mãos, a não ser a fé, foi uma guerra, porém, eu estava decidido a mudar de vida”, comenta.
Para se sustentar, ele passou a catar latinha e a descascar fios de cobre para vendê-los. Neste período, foi ameaçado mais uma vez, porém agora o medo já não estava mais com ele. “Antigos rivais me surpreenderam fortemente armados, pois queriam o dinheiro que tinha juntado, e a única coisa que veio à minha mente foi a frase de uma senhora que tinha sido assaltada e, sob ameaça de morte, disse ‘só vão conseguir me matar se passarem por cima de Jesus’. Então, essa mesma frase veio à minha mente e, na certeza que Deus não me abandonaria, me mantive confiante e nenhum dos traficantes conseguiu puxar o gatilho, mas abaixaram as armas e foram embora dali”, lembra.
Hoje, Flávio é casado com a mulher que um dia torturou, pai de duas filhas, é líder do Força Jovem Universal do bairro Jardim América, em Belo Horizonte, cantor e também ajuda quem passa pelos mesmos problemas que um dia ele passou. “Tenho minha casa própria, não devo mais nada a ninguém, nem a bandido e muito menos à Justiça. Ando de cabeça erguida aonde quer que eu vá”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário